sábado, 13 de setembro de 2008

Pragmático

É só só pausar o pensamento uns segundinhos e dar play em outra direção, que chegamos à conclusão de que aprender catalão ou ser jogador de bocha “serve para alguma coisa”.

O direcionamento provocado pelo capitalismo no modo de enxergar a vida que o homem contemporâneo apresenta é extremamente perigoso ao rumo das relações interpessoais, com a natureza e ameaça a evolução.

“Tenho só 25 anos, um ano de formada e já trabalho em uma das escolas mais bem conceituadas de Belo Horizonte, onde os índices de aprovação no vestibular são altíssimos.”, disse uma pessoa em um debate sobre formação humana e Vigotzky.
É - ou deveria ser - bastante claro para uma pessoa que completou quatro, cinco ou seis anos de ensino superior, que alunos de qualquer nível escolar, da EJA (Educação de jovens e adultos) ou da educação informal, não institucionalizada, enfim, estão - às vezes sem saber - estudando para se formarem cidadãos.

O índice de aprovação no vestibular é insuficiente para avaliar a qualidade de uma escola. É como se fôssemos comparar a gestão de um prefeito que ofereceu rede de esgoto e atendimento psicológico a uma cidade com outro que pintou os meio-fios de branco e reformou a fachada (a fachada!) do hospital municipal.

Há uma variedade de indivíduos bem sucedidos no vestibular e na profissão, mas que, tomados por uma visão parcial do contexto em que se inserem, atuam na sociedade de forma preconceituosa, convencional e corrupta.

Então, para que serve aprender flauta doce se eu não vou prestar vestibular para música, não pretendo formar uma banda, nem nada? De que forma posso ser útil à sociedade sendo um simples estudante de grego? Os atletas que participaram das Olimpíadas fizeram o quê de bom, a não ser para eles próprios? Trouxeram (no caso do Brasil) algum benefício para o país que representaram? Link

Vejo essa questão como a de não jogar lixo pela janela. Já pensou se cada um estivesse ocupado fazendo algo saudável, ao mesmo tempo em que se preocupasse com a coletividade, se sentisse tocado pelo que acontece na periferia da cidade e do planeta?
Certamente haveria uma montanha muito menor de lixo andando e sorrindo pela rua.

O conta-gotas, a tarefa de grão em grão são o que poderá fazer com que tudo, não apenas a escola, se modifique, para que o fim constitucional do bem comum e o objetivo de cada um, ter felicidade, se viabilize.


ps.: Ensaio sobre a Cegueira estréia hoje, né?

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