sexta-feira, 8 de outubro de 2010

terra da prosa

...vontade de escrever um pouco no blog...

me veio à cabeça como tema, uma experiência que tive esta semana (anteontem). O Censo passou aqui em casa e deixou um bilhetinho, para entrarmos em contato, uma vez que ninguém foi encontrado no domicílio. Pois bem. Eu saía para recarregar o cartão de ônibus (BHBUS) quando vi, na calçada, em frente àquela casa antiga, vizinha ao meu predinho, a recenseadora. Perguntei: "foi você que deixou..." e tal. E ela respondeu: "qual é o número? Sim, fui eu mesma..." etc. Então, ela me aplicou o questionário ali mesmo. Na rua, como um bate-papo entre conhecidas. E – agora não sei por que cargas d´água – nós conversamos um tempão, mesmo com o sol que estava fazendo na cabeça e com os transeuntes passando. Estávamos ali, rente à varanda da casa antiga, cuja moradora ela também não encontrou, proseando gostosamente. Havia uma mulher dentro de um carro estacionado...ela olhava...eu pensei: "ela deve estar pensando o mesmo que eu". Porque, em um determinado momento, comecei a pensar sobre a cena. Duas pessoas que nunca se viram, uma com uniforme do IBGE, ou seja, em período de trabalho, "trocando ideia".

E isso é tão comum em Belo Horizonte...a meu ver, é um dos traços positivos da "província", como queiram alguns (há os traços negativos, certamente). Por exemplo, chegamos, eu e meu marido, a um estabelecimento comercial outro dia e tanto a proprietária como as funcionárias nos trataram como se fôssemos amigos. Há pouco tempo, eu não embarcava nesse jeito de ser, ficava na minha, mesmo se a pessoa "puxasse papo". Hoje, já me sinto à vontade e procuro corresponder à abertura do outro (é claro, desde que não seja um visível mala de plantão). Vi também uma cena em que uma senhora, sentada no ponto de ônibus, convidava a outra para se sentar. Eu pensei: "são conhecidas". Mas depois percebi que não, a senhora que fazia o convite nunca tinha visto a outra na vida. Achei muito engraçado! E pensei: "só em Belo Horizonte, mesmo!"

O título da postagem, portanto, não tem a ver com um gênero literário, mas com a cultura da oralidade e com os costumes do interior. Como dizem, aqui é uma roça grande.

2 comentários:

Gabriela Galvão disse...

E eu fiz o caminho inverso: hoje eu gosto desse jeito mais fechado do povo daqi.

Acho ainda q a sua personalidade se eqilibra com a abertura mineira e a minha, com o jeito mais introspectivo do capixaba.

E o q antes me revoltava, agora me faz rir, mtas vezes: o jeito 'matuto' -pra ñ dizer grosso- dos comerciantes. hah vezes em q vc jura q eles ñ qerem q vc compre!, hahah

Mar aih eh a terra da prosa, com certeza!, hauhauha

Beijo!

Juliana disse...

sim. :o)

bem, com toda franqueza, às vezes a 'mala véia' é demais, é 'over'! Aí, não gosto. Mas quando é agradável, me sinto bem.