Estou lendo Cidade Ocupada*, para uma disciplina de Letras: Literatura brasileira e periferia urbana, que curso nas noites de sexta. Quando bati o olho na capa do livro, imaginei que fosse um romance, talvez policial, e que a cidade estaria ocupada pelo crime, pelo tráfico de drogas. Imaginei ainda que o autor fosse um morador da periferia, como o Renegado, que esteve em uma de nossas aulas lá na fale-ufmg. Mas a ocupação de que trata a obra é artística e o escritor é professor universitário com pós-doutorado. Ainda não terminei de ler, mas algumas questões interessantes me chamaram a atenção, como a produção de algo que seja a própria diferença, algo que não enverede pela homogeneização, tão presente no mundo contemporâneo, apesar de tantas transformações tecnológicas e ideológicas pelas quais a civilização já passou.
Ontem, por recomendação da genial Profa. Vera Casa Nova, fui ao duelo de MCs no viaduto Santa Tereza. Um parêntesis: ainda bem que tenho amigas que curtem programas alternativos, porque a Bi, minha irmã, faz muita falta nessas horas! Bom, fomos lá e foi fantástico! As duplas sobem ao palco e fazem um minuto (se não me engano) de 'repente' ou improviso. As falas são sempre relacionadas a questões políticas e sociais como a segregação de classes, a voracidade capitalista etc. O público é convidado a votar por meio de aplausos no melhor de dois e depois de todas as apresentações, há uma final. Quando tudo acaba, começa a exibição de dança hip-hop no meio de uma roda formada no chão, entre a plateia.
Boas fotos podem ser vistas aqui
Lembrando um documentário ao qual assisti e vou procurar na internet, quanto mais as pessoas com maior poder aquisitivo se separarem do mundo real, da 'parte feia' da cidade e da cultura popular, mais a cidade ficará violenta porque nada estará sendo feito para, de fato, fortalecer a segurança. Isto se consegue, a meu ver, entre outros fatores, com valorização e afirmação da diversidade e aproximação com os que não têm ou quase não têm oportunidades de acesso à educação, à informação de qualidade, às novas tecnologias de informação e comunicação, enfim, aos alimentos do corpo e aos alimentos da alma, como a arte.
*PIRES, Ericson. Cidade Ocupada. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2007.
Foto: daqui
3 comentários:
Ei Ju! que bacana seu blog! vou estar sempre por aqui! Recebi nossas fotos sim! bjo
Vou ler!!! Fiquei curiosa.
saudades
Peinha
Total d acordo. Vc usou um termo q eh chave: 'feio'.
Eu acho q a violência tem mto a ver com feiura (praticar as novas regras gramaticais!).
Qanto mais embelezarmos as cidades (com eventos como esse aih, por exemplo), menos violência; isso eh certo.
Menina, mas vc deu mta sorte porqe eu ñ gosto d rap e acho q esse evento aih eu 'passava'. Pra depois me arrepender, certamente, pelo seu relato.
Beijo (saudaaadeee)!
Postar um comentário