sábado, 9 de outubro de 2010

ocupação urbana


Estou lendo Cidade Ocupada*, para uma disciplina de Letras: Literatura brasileira e periferia urbana, que curso nas noites de sexta. Quando bati o olho na capa do livro, imaginei que fosse um romance, talvez policial, e que a cidade estaria ocupada pelo crime, pelo tráfico de drogas. Imaginei ainda que o autor fosse um morador da periferia, como o Renegado, que esteve em uma de nossas aulas lá na fale-ufmg. Mas a ocupação de que trata a obra é artística e o escritor é professor universitário com pós-doutorado. Ainda não terminei de ler, mas algumas questões interessantes me chamaram a atenção, como a produção de algo que seja a própria diferença, algo que não enverede pela homogeneização, tão presente no mundo contemporâneo, apesar de tantas transformações tecnológicas e ideológicas pelas quais a civilização já passou.

Ontem, por recomendação da genial Profa. Vera Casa Nova, fui ao duelo de MCs no viaduto Santa Tereza. Um parêntesis: ainda bem que tenho amigas que curtem programas alternativos, porque a Bi, minha irmã, faz muita falta nessas horas! Bom, fomos lá e foi fantástico! As duplas sobem ao palco e fazem um minuto (se não me engano) de 'repente' ou improviso. As falas são sempre relacionadas a questões políticas e sociais como a segregação de classes, a voracidade capitalista etc. O público é convidado a votar por meio de aplausos no melhor de dois e depois de todas as apresentações, há uma final. Quando tudo acaba, começa a exibição de dança hip-hop no meio de uma roda formada no chão, entre a plateia.

Boas fotos podem ser vistas aqui 
Lembrando um documentário ao qual assisti e vou procurar na internet, quanto mais as pessoas com maior poder aquisitivo se separarem do mundo real, da 'parte feia' da cidade e da cultura popular, mais a cidade ficará violenta porque nada estará sendo feito para, de fato, fortalecer a segurança. Isto se consegue, a meu ver, entre outros fatores, com valorização e afirmação da diversidade e aproximação com os que não têm ou quase não têm oportunidades de acesso à educação, à informação de qualidade, às novas tecnologias de informação e comunicação, enfim, aos alimentos do corpo e aos alimentos da alma, como a arte.




*PIRES, Ericson. Cidade Ocupada. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2007.
Foto: daqui

3 comentários:

Débora Salomão disse...

Ei Ju! que bacana seu blog! vou estar sempre por aqui! Recebi nossas fotos sim! bjo

!!Ateliê de Cerâmica!! disse...

Vou ler!!! Fiquei curiosa.
saudades
Peinha

Gabriela Galvão disse...

Total d acordo. Vc usou um termo q eh chave: 'feio'.

Eu acho q a violência tem mto a ver com feiura (praticar as novas regras gramaticais!).

Qanto mais embelezarmos as cidades (com eventos como esse aih, por exemplo), menos violência; isso eh certo.

Menina, mas vc deu mta sorte porqe eu ñ gosto d rap e acho q esse evento aih eu 'passava'. Pra depois me arrepender, certamente, pelo seu relato.

Beijo (saudaaadeee)!