quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Brasil, tô preocupada com você.


Quando desci do ônibus, logo na primeira esquina, em frente à biblioteca pública infantil, no bairro Santo Antônio, em Belo Horizonte, um senhor bastante nervoso entregava panfletos aos passantes. O modo como ele me ofereceu o papel – grosseiramente, sem contato visual, ao mesmo tempo em que discutia com uma senhora  – me fez perguntar antes de aceitar o panfleto: “O que é isso?”.
−É da vagabunda.
 Eu fiz um olhar de indagação.
−A vagabunda que quer ser presidente do Brasil.
Como eu recusasse a receber o panfleto, o homem me dirigiu ofensas, bastante exaltado.
A senhora que discutia com ele, funcionária pública na biblioteca, foi descendo a rua comigo e ficara também muito espantada. Ela ligou do celular para pessoas de seu trabalho para avisar da presença hostil daquele senhor em frente ao estabelecimento mencionado. Um homem visivelmente alterado, que xingava as pessoas na rua em defesa de seu candidato à presidência do país. Não cheguei a ler nada do que estava escrito, mas a senhora leu um trecho que dizia algo como: “Dilma, assaltante de banco” e outras coisas mais.
Segui meu caminho, totalmente abalada, com uma vontade incontível de chorar, tamanho choque havia levado. Cheguei ao Museu Histórico Abílio Barreto, onde eu assistiria a uma palestra com o ilustrador Rui de Oliveira, mas como estava ainda cedo para o começo do evento, entrei na igreja Santo Inácio de Loyola para me acalmar. Chorei bastante e pedi paz.

Isso aconteceu ontem, terça-feira, 19 de outubro de 2010.

O que me entristece é o modo como a política é discutida no Brasil. Superficialmente, sem seriedade alguma, de forma dogmática, sem espaço para a opinião do outro, sem democracia. De maneira não republicana.

Um comentário:

!!Ateliê de Cerâmica!! disse...

Eu também tô amiga... Nossa que triste:)