sexta-feira, 7 de maio de 2010

santos ou putos?


O filme “Sexo por compaixão” mostra que o pecado é inerente ao ser humano, independentemente do que possa pregar a doutrina cristã. Agir de forma gauche muitas vezes acontece sem que a gente perceba e, ao nos darmos conta, logo nos sentimos culpados e rapidamente substituímos aquele pensamento ou ação por outro, mais conveniente aos padrões ensinados pela escola, pela igreja, pela família, pela comunidade na qual convivemos. 
 
No entanto, até para os mais fervorosos católicos ou protestantes existe solução para os maus pensamentos e atitudes: a confissão dos pecados e o pedido de perdão (palavra que significa “para dar”, como podemos ver, por exemplo, no italiano: perdonare). Mas se tal característica é peculiar ao ser humano, para que fugir dela? Para que tornar-se uma pessoa atípica, que passa uma imagem sempre boazinha, que luta para resistir a fazer um comentário mais malicioso, ou uma crítica mais ácida? Aliviar a pressão da panela faz parte da sobrevivência, senão, ela pode estourar e aí, sim, voar sujeira para tudo quanto é lado! Então, até mesmo a raiva, a impaciência, a indignação, o inconformismo, a discórdia, enfim, são saudáveis, se dosados, é importante que se grife. Porque o equilíbrio que buscamos não se confunde com paz o tempo todo, mas com a medida dos impulsos humanos (e porque não dizer animais). A guerra, o conflito, são fundamentais ao prosseguimento produtivo da espécie. Cada vez que liberamos nosso lado ruim, feio, fraco, feroz etc., estamos fazendo nada mais do que viver. Estamos exercitando, naturalmente, tudo do que somos capazes sendo gente. O dito “sangue frio” já é uma outra história. Talvez seja a falta de medida e a pendência total, ou quase, para o lado feio. Em “Sexo por compaixão”, a personagem central chegou ao ponto de ser tão boa, tão generosa, que chegava a irritar o padre do lugarejo e o marido dela!
  
E aí, após uma série de acontecimentos, já ao final do filme, Pepe, um homem que fazia a limpeza do bar, diz: “não há regras que estabeleçam o que é certo e o que é errado (no original: lo que está bien y lo que está mal / na legenda: o que é o bem e o mal). A justiça condena fatos, não as intenções. E as intenções não podem ser julgadas.”
Esse é um bom filme.
 

Um comentário:

Gabriela Galvão disse...

Q texto bom!, qero ver o filme! (Adorei perdão ser 'para dar', huhuh)