quinta-feira, 4 de março de 2010

dia cinza

ontem choveu muito em bh. de manhã, andei a pé, resolvendo questões de ordem cidadã, vamos dizer assim. isso inclui fazer seguro residencial, atualizar nome na receita federal etc. as calçadas eram enormes poças, difícil andar. o nível de água nas ruas se elevava rapidamente. saí sem tomar café da manhã e, sem almoçar, peguei um transporte público para um lugar bem longe. não foi possível continuar. tive que descer porque começava a me sentir mal com aqueles vidros todos fechados, o ônibus enchendo cada vez mais e minha cabeça ficando tonta, meu corpo inquieto.

além disso, muita coisa acumulada na cabeça durante a terça-feira. muitos sustos e surpresas. isso acontece. a todo momento as pessoas nos pregam um susto e nós a elas. mas existem coisas às quais me desacostumei, ou com as quais nunca me acostumei de verdade. acho que existe tanto preconceito no Brasil, mas tanto...o de cor é o mais evidente, nem comento. mas o preconceito contra a mãe solteira, contra os divorciados, contra os analfabetos, contra os portadores de doenças como o câncer, contra o baiano, contra o carioca, contra o mineiro do sul e do norte do estado...e no meio destas reticências infinitas, achei mais um: o preconceito contra o inquilino. é! aquela pessoa que aluga um imóvel. as imobiliárias (e, é claro, nisto que estou a dizer existem as exceções), os proprietários, todos enxergam o inquilino como marginal. as relações que se estabelecem são de desconfiança, de 'pé atrás', de marginalização, mesmo que você mantenha suas contas rigorosamente em dia. há casos, também, em que correspondências são enviadas por faculdades particulares, companhias de telefonia celular, e tantas outras, fazendo ameaças ou cobranças irregulares. por exemplo: você recebe uma cobrança e pensa: 'ah! vou rasgar, eu paguei ontem! não deve ter dado tempo de processar o pagamento'. isto é o que eu chamo de relação 'pé atrás'. muitas vezes o celular pré-pago recebe mensagens dizendo para inserir créditos, caso contrário, você não continuará 'usufruindo' dos serviços. e você está exatamente ali, no caixa eletrônico ou na banca de jornal pagando pelos créditos.

o simples fato de receber estas correspondências, mensagens, advertências...já é desagradável. tudo bem, a orientação é para que você desconsidere aquele papel, aquela mensagem, aquele sei lá o quê. que tudo será resolvido, já foi resolvido e a vida prossegue. e eu até, pensando melhor, entendo que se trata de profissionalismo. as mensagens, cartas, boletos, etc. são enviados de forma...automática. isso, para assegurar que a empresa não será lesada.

mas a verdade é que eu ainda sofro. eu ainda fico com aquela vontade ou ilusão de viver em relação de cordialidade entre todas as pessoas. em um lugar onde trabalhei, lembro que num determinado momento, falei: 'eu tô perdendo minha ingenuidade!' e isso foi recuperado quando saí e comecei a trabalhar em projetos na ufmg. é que lá, a liderança é exercida pelos professores e não, por empresários. de vez em quando há aqueles funcionários (e também professores) mais arrogantes, mas de forma alguma é regra. a relação estabelecida com o aluno é parecida com a de mãe, é afetuosa, é próxima, é de igual para igual.

mas tudo passa. a tristeza passa. como essa chuva.

Um comentário:

Gabriela Galvão disse...

Ñ acho q a gente tem q se acostumar, nem esperar, mas ter consciência q pepinos (em forma d situações e pessoas) estão q estão por aih. Ingenuidade eh legal, mas saber onde a gente estah, ñ negar a realidade, eh mt saudável. Me ajudou muito.