segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Via ECT

Gosto muito de um determinado site cultural, mas não gosto nada das suas profecias e "constatações", do tipo: como mídia, o rádio está morto ou o e-mail está enterrado...

Hoje é dia do carteiro e por ter-lhes um imenso carinho, vou aqui prestar uma homenagem a esses profissionais que fazem um trabalho tão importante (principalmente agora, no século XXI, em que o universo virtual encurta tanto nosso contato com as pessoas que ainda não o exploraram. São, muitas vezes, pessoas idosas, pessoas sem instrução ou sem acesso. Elas não têm oportunidade de verem nossas fotos digitais, lerem nossos textos eletrônicos, etc.).

Contra todos os ataques à correspondência selada e em defesa das caixas de correio físicas ou "analógicas", reproduzo o texto postado no blog escritabrasil:

Outro dia, li, em um site, um texto sobre o fim do e-mail, que, segundo o autor, estaria muito próximo. Nesse dia, esse meio de comunicação já teria se tornado "tão relevante quanto uma carta manuscrita, dentro de um envelope selado". Às vezes as pessoas se esquecem de que certos costumes e experiências culturais e sociais continuam a existir fora do eixo pontocom.

Isso porque não conhecem a Senhora Zelma, minha mãe! Ela sempre teve a família (minha avó e tios) longe, lá em Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe. O hábito de escrever cartas e cartões postais é tradicional e valioso para ela. É uma forma de dizer o que não dá tempo em um telefonema; detalhes e sensações difíceis de expressar quando se está preocupado com a conta de interurbano e com os ouvidos das paredes.

As cartas da mamãe são cheias de surpresas gostosas: fotos, recortes de jornal... doces palavras. Aliás, ela escreve tão bem que recebe convites para redigir discursos familiares e dizeres de cartões formais. Sua escrita possui a personalidade de seu bordado, que, antes de ficar pronto, por meio de um trabalho cuidadoso e de arremates firmes, já se encontra projetado em sua imaginação. O estilo se mostra nas linhas - da letra e do tecido - enquanto o ofício, se esconde nos rascunhos e moldes.

Selar um envelope e caminhar aos correios é um dos melhores prazeres! Em minha adolescência, no interior de Minas, chegava a receber quatro deles de uma vez! Todos de minhas amigas que moravam em Vitória. Na frente da casa, sem muros nem grades, havia uma caixinha de correspondência, fechada à chave, verificada todos os dias.

Minha melhor amiga de infância mora em Londres. Ela bem podia comunicar seu endereço novo por e-mail. Ao invés disso, enviou lindos cartões, by airmail, às pessoas estimadas que deixou no Brasil.

A tecnologia evolui, novos meios surgem para que a velocidade de trabalho aumente e para que as distâncias se encurtem de alguma forma. Nos adaptamos a eles e a vida melhora. No entanto, uma carta manuscrita jamais será irrelevante.

Parabéns pelo dia do carteiro!

Um comentário:

Gabriela Galvão disse...

Eu amo. Fui arrumar minhas coisas e as suas cartas caprichadas, as quilométricas da Xuca, as cheias d frufrus do Michel, as inusitadas do Romel (jah veio ateh escrita em plástico)... Boníssimo. E eu te devo umas...


Bisous!