Aqui no Brasil a gente vive um momento de guerra séria contra o tráfico de drogas no Rio de Janeiro, eclodida há poucos dias. Os traficantes, como todos já viram pela tv e internet, estabeleceram estado de medo e reclusão aos cidadãos da cidade, que, como nos períodos de enchente, neve (nos países de clima frio), ficam sem aula nas escolas e sem serviços do comércio, entre outras privações.
Os órgãos de segurança do município e do estado do Rio de Janeiro receberam reforço das forças militares da nação, como a Marinha. Nos noticiários de tv, muitas vezes ouvimos os jornalistas e comentaristas dizerem que é preciso implementar políticas públicas assim, assado...que o governo deve fazer isso e aquilo. Porém, me pergunto, ou melhor, perguntaria a eles: "O que você está fazendo?". A pergunta se justifica pelo fato de que a cooperação deve partir também da sociedade civil. A pessoa que critica, de dentro de um estúdio com arcondicionado, de dentro de sua sala com sofá e home theater ou mesmo na mesa de um bar com os amigos e colegas de trabalho, essa pessoa faz ou já fez algo no sentido de inserir uma outra aos ambientes ou a um ambiente que a propiciasse ampliar sua visão de mundo? Qualquer atitude como, digamos, a doação de uma câmera de fotografia a um jovem, ou o ensino de um esporte, de uma língua, de um ofício, já constitui, a meu ver, uma das chaves para a solução do problema que enfrentamos de uso e tráfico de drogas. Oferecer educação a uma criança não é garantia de que ela jamais se envolverá com a droga ilegal e jamais cometerá um ato violento, não sejamos ingênuos, haja vista a triste realidade em cujas cenas há jovens burgueses queimando pessoas, surrando gays, gritando com professores, desrespeitando mulheres, batendo pegas na via pública e incitando a discriminação contra brasileiros nordestinos. No entanto, pior do que dar oportunidade de estudos e, consequentemente, oportunidade de formação de senso crítico e isso não ser aproveitado, ou ser ignorado por quem a recebeu, é privar uma parcela grande da população desse direito. Só vamos saber quem será aquele indivíduo se investirmos em sua formação. Caso contrário, os talentos ficarão apenas latentes, sem o poder de desabrochar e, quem sabe, atrair outros talentos tão bons.
A cultura subir à favela? Que petulância da elite! Pois se foi de lá que ela veio. A cultura desceu do morro, com artistas do chorinho, do samba, do rap e de tantas outras expressões artísticas que nem devo conhecer.
Então, talvez uma das chaves para o problema seja realmente, eficazmente, abrir a cabeça das pessoas desde cedo, porque o mundo é uma janela aberta para horizontes a perder de vista.
A foto foi tirada pelo Maurício, em Ilha Grande, em frente a um departamento de polícia; se não me engano, de administração penitenciária.